terça-feira, 15 de julho de 2008

ARTISTA REFLEXO

Certo dia, assistindo um vídeo do Cirque du Soleil, desde seu início até o seu desfecho, meus olhos brilharam e me levaram até mesmo a lançar lágrimas dos meus olhos e me fizeram viajar no belo, numa harmonia, numa melodia visual que antes não tinha experimentado vendo algo secular e até mesmo na Igreja.

Naquele instante o meu pensamento violentamente se voltou para uma outra realidade escondida desde a apresentação daquele espetáculo criativo e mágico, questionando, esfumaçando minha cabeça e me fazendo maravilhar com a capacidade monstruosa do ser humano, meu questionamento se resumia, por um instante, numa pergunta: “Mas que maluco que, ao mesmo tempo é doido, tão simples e complexo, burro e genioso, pode criar tão bela obra de arte?”. É claro que foi fácil descobrir quando li os créditos finais do espetáculo, aquelas linhas que vão subindo no fim dos filmes e vendo o nome dos criadores do mesmo, mas esta questão vai além, porque revela uma verdade por de trás.

Quando olhamos a criação, todos aqueles pássaros maravilhosos e também aqueles insetos esquisitos, mas que esconde em si uma criatividade e beleza particular, quando vemos uma tempestade, com raios luminosos poderosos ou o sol que desponta fazendo nascer um novo dia, também buscamos imaginar quem seria capaz de criar tal maravilha, e mais, que sentimentos, que pensamentos passavam na mente daquele gênio.

Comecei a tagarelar tudo isso só para podermos chegar a uma verdade: Toda obra de arte não pode refletir sua própria luz ou sentimento senão os sentimentos do seu autor!

“O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO?”

Calma, calma. Talvez não compreendamos isso agora, mas é fácil.

Sempre, quando analisamos uma obra ela vem a nós para nos transmitir algo maior do que ela mesma, geralmente busca comunicar o que há de mais caro dentro do artista, busca transmitir o seu pensar, o seu sentir, os seus ideais, a sua fé, as suas alegrias e tristezas, enfim torna pública, de forma não direta aquilo que ela é, aquilo que há dentro dela. Por exemplo, Frida Calo, pintora surrealista mexicana, que retratava em suas pinturas, sobretudo, o drama de sua vida com imagens fortes como a do aborto espontâneo que sofreu.

Agora você me pergunta “Mas porque você esta dizendo isso, seu tonho, o que eu tenho a ver com isso”?

Ora, caro irmão artista, diante dessa verdade, a certeza que temos é: se as nossas vidas pertencem a Deus, é Ele mesmo que nos inspira, nos motiva e até fala, por nós, através do Espírito Santo. Sendo assim é Deus mesmo que é refletido em nossas obras ou aquilo que Ele deseja. A partir daí somos chamados a esquentar a “moringa”, ferver o cérebro e o coração para refletir, de verdade questionando-nos, nos encostando na parede, e a pergunta é: Será que em nossas obras, em nossa arte, em nossos dons, em nosso cotidiano refletimos Aquele que somos chamados a refletir, as nossas danças falam do Espírito de Deus que sopra onde quer, as nossas músicas cantam o amor de Cristo por nós, e mais, as nossas peças de teatro levam cada homem e mulher ao coração de Deus, o teatro que faço fala da minha intimidade com Deus, é uma porta para as realidades do céu, ou mais uma vez diz somente nada, ou só fala do meu desejo de aparecer, de ser importante, de ter um momento de fama?

Seria melhor, se é isso, colocar uma melancia no pescoço e sair por aí, ou colocar um saco de pão na cabeça e correr nu pelas ruas da cidade. Pode ter certeza que, se o objetivo é chamar atenção para si, você será correspondido, depois talvez seja lembrado por alguns cachorros que viram você passar correndo ali.

Não podemos esquecer nunca que somos canais da graça de Deus, não por méritos próprios, mas pela misericórdia de Deus. Por isso, quando inspirados, por exemplo, a levar a alegria, não é a alegria que o mundo dá, mas é o momento em que aquelas pessoas que te assistem são levadas a experimentar um pouco daquela alegria que só Cristo pode dar, da bem-aventurança que é própria do paraíso, do mesmo modo quando numa peça teatral somos inspirados a gerar um momento de contrição dos corações, não somos nós que abrimos os corações, mais o próprio Espírito que vem e convence os corações da necessidade de arrependidas, voltar-se a Deus. Somos canais, ou melhor, vai além, nos tornamos em Deus alegria, conversão, paz.
Como artistas da misericórdia, experimentamos a cada momento essa verdade, que, Deus derrama sua misericórdia nos fazendo não só canais, mas a mais pura expressão do amor misericordioso do Seu coração.

Irmão Antônio (Clayton)
Artista Integrante do Teatro da Comunidade Aliança de Misericórdia

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